Avanços e Controvérsias no Manejo do Câncer de Bexiga Não Músculo-Invasivo (NMIBC)
O que aprendemos com o encontro do International Bladder Cancer Group (IBCG).
Uma análise dos mais recentes avanços na abordagem do câncer de bexiga não músculo-invasivo e suas implicações para a prática clínica.
Quem é o IBCG e por que isso importa?
Grupo global fundado em 2006
Organização com mais de 15 anos de atuação internacional.
Missão: melhorar desfechos no câncer de bexiga
Foco em pesquisa, educação e padronização de tratamentos.
Produz guidelines, risk scores e ferramentas educacionais
Recursos de alta qualidade para orientar a prática clínica.
Presença internacional
Representantes nas Américas, Europa e Ásia.
Principais Frentes de Atuação do IBCG
Publicações Científicas
Artigos com impacto em políticas regulatórias e diretrizes clínicas.
Revisões sistemáticas que definem padrões de tratamento.
Registro Global
Base de dados internacional de pacientes com câncer de bexiga.
Permite análises comparativas entre diferentes populações.
Políticas Públicas
Influência em programas nacionais de saúde, como no Chile.
Consultoria para órgãos governamentais.
Parcerias Estratégicas
Colaboração com UroToday e BCAN para disseminação de conhecimento.
Eventos educacionais internacionais.
Por que o Risco Intermediário É um Problema?
Grupo heterogêneo
Comportamento clínico imprevisível
Modelos clássicos desatualizados
EAU e EORTC baseados em dados antigos
Limitações críticas
Pacientes sem BCG, WHO 1973, baixo poder discriminatório
A classificação atual não distingue adequadamente pacientes que realmente necessitam de tratamentos mais agressivos daqueles que poderiam ser poupados.
Inteligência Artificial na Estratificação de Risco
Base de Dados Robusta
12.000 pacientes de EUA, Canadá e Europa.
Treinamento Avançado
IA desenvolvida para prever recidiva e progressão.
Análise Comparativa
Desempenho superior à calculadora EAU tradicional.
Resultados Superiores
Superação do modelo EAU em todos os parâmetros clínicos.
IA Redefinindo o Risco Intermediário
A IA conseguiu identificar três subgrupos distintos dentro da categoria intermediária tradicional.
Esta nova estratificação permite um manejo mais personalizado e preciso.
Impacto Prático
Individualização
Melhora a personalização da conduta terapêutica
Vigilância
Seleção otimizada para vigilância ativa
Terapia Intravesical
Identificação de candidatos para terapia estendida
Alternativas
Melhor seleção para tratamentos alternativos ao BCG
IA na Histopatologia: Onde Ela Entra?
Desafios Atuais
  • Discordância entre patologistas (concordância <85%)
  • Múltiplas classificações (WHO, Grau 2/3)
  • Identificação de CIS e variantes histológicas
Contribuições da IA
  • Padronização de critérios diagnósticos
  • Redução da variabilidade interpretativa
  • Identificação de microinvasão e subtipos ocultos
Benefícios Clínicos
  • Diagnósticos mais precisos e consistentes
  • Avaliação quantitativa de marcadores
  • Suporte à decisão terapêutica baseada em evidências
IA + Patologista: Um Novo Modelo
Digitalização de lâminas
Conversão de amostras físicas em dados analisáveis
Análise quantitativa
Extração de dados numéricos e padrões celulares
Predição de resposta
Algoritmos que antecipam eficácia do BCG
A IA não substitui o patologista, mas potencializa suas capacidades diagnósticas e preditivas através de análise digital e quantitativa.
BCG Ainda É Rei?
Vantagens
Alta taxa de resposta (70–80%). Baixo custo comparativo. Imunogenicidade bem estudada e compreendida.
Limitações
Escassez global persistente. Adesão limitada ao regime completo de 3 anos. Efeitos colaterais significativos.
Considerações
Permanece como primeira escolha para alto risco. Necessita de estratégias para otimizar uso em escassez.
Alternativas ao BCG em Foco
Considerações para Escolha Terapêutica
Perfil de Risco
Grau da doença e tipo histológico definem a abordagem inicial.
Perfil do Paciente
Tolerabilidade e comorbidades influenciam a escolha.
Acesso ao Medicamento
Disponibilidade e custo são fatores determinantes.
Preferência do Paciente
Desejo de preservação vesical versus risco de progressão.
RTU de Alta Qualidade: A Base de Tudo
40%
Variação em Recidivas
Diferença nas taxas entre centros com mesmos recursos técnicos
100%
Muscular Própria
Necessidade de inclusão para estadiamento correto
30%
Subestadiamento
Taxa em ressecções inadequadas
A qualidade da ressecção transuretral determina todo o curso subsequente do tratamento. Técnica padronizada e meticulosa é fundamental.
RTU + Tecnologia: Parceria Estratégica
Luz Azul e NBI
Detecção aprimorada de CIS e lesões planas ocultas à luz branca. Aumenta a precisão diagnóstica em até 25%.
Plataformas Digitais
Documentação estruturada permite análise longitudinal. Facilita comparação entre procedimentos ao longo do tempo.
IA em Tempo Real
Futura assistência durante procedimentos. Potencial para padronizar técnica e identificar margens.
A tecnologia apoia o cirurgião, mas a decisão final depende do treinamento e experiência médica.
Conclusões e Aplicações Práticas
Nova Estratificação
A IA redefine categorias de risco intermediário, permitindo condutas mais personalizadas.
A implementação de algoritmos de IA já é realidade em centros avançados.
Integração Diagnóstica
Histopatologia permanece essencial, agora com apoio computacional.
Relatórios padronizados com métricas quantitativas melhoram a consistência diagnóstica.
Terapêutica Personalizada
BCG continua como padrão, com alternativas viáveis para casos específicos.
A qualidade da TURBT é determinante para o sucesso inicial de qualquer terapia.
Futuro Personalizado
"Não estamos mais no tempo do 'um tratamento serve para todos'."
O futuro do NMIBC é individualizado – com cirurgia precisa e decisão informada.